quarta-feira, 22 de outubro de 2008

É A MUSA



E chega a musa.
E vem e me invade
Ela é danada.
Não tem piedade.

Não há o que pare
a sua doce vaidade.
Meu sono atormenta.
De palavras me alimenta.

Como um tornado,
vem e me arrebenta.
Chega louca
e sem licença.

Ah! Mas é envolvente!
Me enlaça,
Me revolve,
Tal qual uma serpente.

Oh! Amada!
Vem aclamada.
Se me foges
Por mim és odiada.

A tal liberdade poética?
Existe sim,
Mas é pra ela
Tão somente em minha mente

E o poeta?
Sim!
Senão o é
Um prisioneiro dela.

Me enclausuro
E espero...
E lá vem ela
Cínica e bela.

SANGUE



Sangue
que corre,
que pulsa,
que escorre.

Tão vermelho,
vivo da vida,
que atrai,
que repulsa.

Rubro,
o rubi,
que seca,
que disseca.

A sangue frio
É o fim da vida.
Chegada da morte.
Seria a sorte?

Gangrena
Num corte
na veia
o líquido
se esvai,
se esgota.
Término da rota
E jorra...
Gota a gota
A última cai
O corpo se desbota
E a alma se vai.

sábado, 18 de outubro de 2008

NOITES FRIAS



Tão longas essas noites frias,
vêem e parecem infindáveis,
permanecem sombrias

Nesse quarto fechado,
o meu corpo estático
em tempo congelado

Passando pra alma a frieza,
contaminando o todo,
gerando tamanha tristeza

Por vezes perco a consciência,
e mergulho num abismo
tão absoluto em divergência.

O frio que trava a minha boca,
faz trincar a minha mente,
parece sempre tão oca.

Não há que se entender a loucura.
essa solidão que me envolve
é torpe essa eterna fissura.

Em mim ferve em ebulição,
gritante é meu pensamento,
somente nele está em ação

Discussão mental acalorada,
a minha essência contraditória
prossegue por fora calada

O meu espírito está trincado
sem forças, não se move
o meu corpo revoltado.

AMBIÇÃO DESENFREADA



Na busca do inalcançável
todos vamos
insatisfeitos com tudo
esse mundo
não é o bastante
Ambições
que nos movem
o outro ser torna-se
um mero objeto
que pode ser esmagado
tudo é válido
pra ser reconhecido
a ética inexiste
o importante
é o poder
ser abastado,
ser idolatrado.
Nobreza em riqueza
Alma de pura pobreza
Queira!
Seja!
Possua!
Se necessário
destrua
Chegue ao topo
Se não conseguir
Um nada será.

MÃOS



Mãos sentido
mais aguçado
elas moldam,
desenham
e olham
Fazem comer
E num toque
acariciar
num instante
te esbofetear
Mâos que
amassam,
se chegam
e apertam.
fazem chorar
num beliscar
E cócegas
pra sorrir
Mãos que falam
Áqueles que não falam
Mãos que olham
àqueles que não olham
Elas afagam,
empurram,
e matam.
Nos gestos
ofendem,
consolam
e amam.
Elas te chamam
Acenam
e te dizem adeus...

PÉS



Pelos pés
maltratados
sigo no mundo
desconhecido
os protejo e os
destrato
deixo-os
calejados
Partes de mim
que escondo.
Necessito deles
mas os trato com
descaso.
No calor sufocados,
na chuva ensopados
Invisíveis a mim
sinto quando são
pisados,
os dedos sendo
esmagados
Essenciais ao
dançar,
exigidos
com precisão
não podem falhar,
Seguem
mesmo na dor
a passos
firmes.