Não sei quem sou, nem anjo, nem demônio um alienígena ou um ser humano? talvez se olhar em meus olhos, descobrirá quem sou... Quiçá com a ajuda do seu olhar, poderei saber quem realmente sou.
Nem anjo, nem demônio, se sou humano não serei eu angelical ou infernal, talvez seja o déficit de bondade ou superávit de maldade. Seria eu a loucura em demasia? Chegando ao ápice faço o bem e pratico o mal insanamente. Atiço o desejo e me retraio em instantes. Brado, xingo e choro, silencio e oro. Do pecado ao arrependimento, lamentação... peço perdão.
Tão distante e tão perto, o ausente presente em minha mente. Um alguém tão diferente, o meu oposto, onde me espelho. Como pode alguém tão igual? Telepatia em sintonia. Gêmeos em contraste, homem e mulher desiguais tão parecidos, por amor a um time unidos. Um no outro refletido, somos um repartido. O belo Pierrot solitário em nosso imaginário. Em nossa poesia alegria e melancolia. Confusão pura se mistura O meu outro eu divino surge serei eu ele? ou ele sou eu? Não sei, mas sinto em nossa calma que somos uma única alma.
Braço do sertão que esconde a fraqueza, a mão na enxada busca a força e arruma firmeza. Miséria exposta na terra castigada, corpo acabado no sol envelhecido, semblante entristecido, mas o sonho no peito é carregado. Filhos, de um país, esquecidos por governantes malditos. Pais desesperados, descendentes desnutridos, terra rachada por ambição tomada a chuva tão esperada a água desviada podridão desenfreada submundo de pobreza roubada toda riqueza vidas se perdendo o calvário crescendo o homem forte não desiste continua na luta, acredita e insiste tenta matar a dor, e a fome esquecer, pede a Deus com clamor Forças para mais um dia Sobreviver em busca do que comer.
Senti o todo, o gosto, da fruta, do beijo e do amargo. Veio o desejo do abraço suave, e na carne o calor abrasa, me queima. Fim da chama não aquece, apaga e adormece. Terra fria que gela e arrepia Sinto o vento, vem e leva, besteira e poeira. Traz a chuva que lava, molha o corpo e encharca a terra, que fertiliza e brota. Se faz em alimento, onde sinto o gosto que mantém a vida no corpo já n'alma o que habita? e alimenta é o amor do que mais necessita. Perceber aquilo que não se toca, mas ali está enraizado, plantado.
Cá estou em lamúrias, um coração sonhador que sempre voa em busca de um amor Por que sonho? se sei ser impossível a um Pierrot o amor é inalcançável. Minha sina é devaneiar e poetizar aquele momento de felicidade que por um instante me foi dado e logo depois se esvai, e a tristeza adormecida acorda... E a Colombina distante se vai, vejo-a nas estrelas é uma delas, jamais a terei. Vivo a desejar, mas sim sei o meu destino já foi traçado, serei sempre um Pierrot solitário...
Entre grades me aprisiono. Num mundo de tormentos me fecho, não reajo. Numa cela em solitário me entristeço, me relaxo. Na penumbra me escondo, me torturo. Num pensamento tão obscuro me jogo, me rasgo. No profundo me lanço, me afundo, Sinto-me o tudo que é o nada no vazio o oco que chora e ecoa no abismo, onde ninguém me ouve nem ao menos me vê, impossível me encontrar, pois nem eu mesma me vejo, me cego e me tranco.
A bela do oriente em arte o sol que nasce e se esconde em seu olhar aniquilador só lançado aos escolhidos, privilegiados pela visão de tão bela obra-prima Fascínio que desperta pelo mistério a mulher feita para ser perfeita servir e distrair em gestos delicados inigualáveis olhares hipnotizados seguem a perfeição em movimentos incomparáveis na dança onde flutua tão linda sua voz ao cantar enfeitiça, conquista. A jóia oriental, imperial reluz e aos súditos seduz.
O meu particular tão meu escondido universo fechado em meio a tantos sonhos, tantos pecados, e a pesadelos entrelaçados nesse mundo infinito por tantas vezes me perco, viajo para distante, ultrapassando o céu, descobrindo o horizonte. Compreender o meu paralelo? Tão poucos entendem, o porquê do meu real ser desligado e o meu imaginário tão vivo. Sou um ser esquisito é tudo tão diferente, o tempo passa, não sinto, não existe, torna-se insignificante. Relembro a vida, crio personagens e me mato e me reinvento Busco em mim e descubro quem sou, olhando para dentro e me perdendo em meu íntimo. nesse meu labirinto vivo, tão estranho e tão louco. Me alimento e me crio.
A caixa de surpresas O que virá de Pandora? Uma mulher inventada por um homem vinda do barro, detentora de todos os dons beleza, adorno e conquista Hermes, o mensageiro, ensinou-lhe artimanhas e lhe deu o dom da palavra Fez-se então Pandora, a fêmea por instinto curiosa abre o jarro a poderosa, e despeja no mundo a ruindade, no qual por pouco não se vai a esperança. A bela que encanta e a terra traz o tormento, uma serpente envolvente. O bem e o mal nesse único ser, deslumbrantemente envolvidos. O dúbio presente Perfeita combinação A bela que faz e desfaz Ela tão cheia de graça que manda a todos desgraça. Carrega a maldade e a bondade Enfeitiça com sua deliciosa malícia Inteligência com uma graciosidade perversa O mundo ficou virado, depois que foi por esse ser encantado.
Olho outro alguém fixamente nos olhos, daqueles que não se escondem, mergulho no olhar, procuro o seu interior enxergar, ao adentrar o olhar, tento outro mundo desvendar. Onde somente aquele olhar existe e os outros olhos ao redor não percebo a nos olhar somente cegar Fico cega por não perceber aos outros, mas não aquele a quem estou a olhar, não é necessário amar para entender ao menos um pouco do outro. Seja um adulto ou uma criança, basta um verdadeiro olhar Ele consola, chora, alegra, alivia por vezes aquele a quem se olha somente quer se sentir um alguém visível.