sábado, 21 de novembro de 2015

No lixo, o lixo

Sou aquele saco de lixo que vai sendo preenchido ao longo do dia e chegando ao limite é levado para fora e recolhido.
Segue a minha viagem entre tantos lixos, odores, barulhos e finalmente chego ao meu destino. Junto dos meus cá estou entre tantas garrafas vazias, embalagens de todos os tipos, restos de comida, dejetos humanos e entre pessoas e ratos.
Só se identifica o que é vivo pelo movimento, aqui e ali torna-se tudo uma coisa só. Somos lixos! Os ratos caçam aquilo que é possível comer, e os humanos também caçam aquilo que pode render, que valha algum trocado, a sobrevivência na miséria.
Aqui onde a minha alma e o meu corpo se degeneram, não sinto vontade de luta, apenas me misturo ao lixo, as minhas lágrimas transformam-se em chorume. Não há mais nada, sou um completo lixo!
Deixo-me ser jogada, ser esmagada, ser amassada, ser massacrada.
Apodrecendo em contagem regressiva até a minha morte, onde não haverá frutos, pois esse meu lixo não se recicla, apenas apodrece e morre.