domingo, 21 de dezembro de 2008

DOM E SUA CERTEZA...



A desconfiança de Dom
o Casmurro apaixonado,
a dúvida que o envolvia
uma certeza seria.
Ela o traíra!
A sua visão torpe estaria
Somente o que via,
Era o olhar dissimulado
Capitu, sua amada
perfeita e dissimulada.
Ela o atiçava
e como o prendia
O ciúmes o enredava
Que sentimento?
Maldito ressentimento
que daquela mulher sentia
Ela que se tornara
A sua obsessão.
Um tormento de paixão!
Ah! O que Bentinho queria
ela só sua como na infância.
A velha lembrança do beijo
mas isso, não mais poderia
o egoísmo o cegara,
em loucura se transformara,
os fantasmas o dominara.
Aqueles olhos de ressaca,
os cabelos em trança,
envoltos na fita vermelha,
ele que a penteara,
aquela cigana oblíqua,
o penteado desmanchara,
a pureza que tempos depois
o seu amor matara.
A traição de Capitolina e Escobar
só em sua mente
se concretizava
O amigo a seduzira.
Ou o contrário seria?
A amada se fora.
E a certeza do adultério
para sempre o atormentaria.

AQUELES OLHOS VERMELHOS



Ora quem me olha
Aquela que passa
que chega e pirraça
e me deixa sem graça
um ser inocente?
é essa a menina
de um olhar penetrante
que só ela tem
se recolhe em timidez
e envolve,
e cerca,
e amarra
com força e altivez
É essa a mulher
que rouba a noite
se transforma em Lua
e domina a cena
vem e dança,
em meio as estrelas
Uma dama da noite.
Vestida em rubro
com um olhar abrasador
que vem e me queima
em luz de fogo.
Oh! Esses seus olhos
Aqueles tão vermelhos
que enganam,
que inflamam
Puros ou não...
De que me importa?
Só quero sentir a brasa.
Que neles existe
e são só seus.

A MULATA



Mulata faceira,
vem e procura...
encanta a feiticeira
A nós mortais atormenta
o que deseja essa mulher brejeira?
causando fascínio
lançando-se lânguida
lá vem ela...requebrando as cadeiras
a pele de jambo reluz
cheirando a primavera
Ora pois, quem me dera
estar sempre eu a seu lado
Fico a contemplar a flor
Sabes como vir ao meu juízo,
cá estou eu perdido
um navegante sem rumo
sei agora somente navegar
no mar negro do teu olhar
Vejo em tuas curvas
grandes tempestades,
Nas quais jamais
temerei em me lançar.
Ah! Essa mulata lampeira
Sabe como ninguém enredar
envolvo-me em teu cheiro
quero sentir o teu beijo
Correrei grandes riscos
Desejo-te em minhas preces
Serei o que tu quiseres.

sábado, 13 de dezembro de 2008

CÉU DE MAR



A parte, olho,
beleza intrigante
o azul incomparável,
quão fascinante.
Vislumbro o encontro
daquele céu, daquele mar.
O azul mais belo ali está,
encontram-se e fundem-se.
O azul infinito
que em mais nenhum lugar existe,
horas passo a admirar,
distante do cinza triste,
sem nada a pensar.
Naquela imensidão a navegar,
pensamento a voar.
Sou um grão a mergulhar,
naquele céu, naquele mar,
vem a me encantar.
Nada mais importa...
deixo o azul me arrebatar.

JOÃO NO NINHO



Lá vai João
buscar o barro
formar o ninho
vem de mansinho
não pára
incansável...
cuida de sua fêmea
o macho admirável
o seu olhar é pra ela
o seu canto,
as suas asas,
o seu encanto,
o seu carinho,
o seu aconchego,
o seu ninho ...
é tudo
somente dela
Sem palavras
a demonstrar
a mais perfeita
forma de amar.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

É A MUSA



E chega a musa.
E vem e me invade
Ela é danada.
Não tem piedade.

Não há o que pare
a sua doce vaidade.
Meu sono atormenta.
De palavras me alimenta.

Como um tornado,
vem e me arrebenta.
Chega louca
e sem licença.

Ah! Mas é envolvente!
Me enlaça,
Me revolve,
Tal qual uma serpente.

Oh! Amada!
Vem aclamada.
Se me foges
Por mim és odiada.

A tal liberdade poética?
Existe sim,
Mas é pra ela
Tão somente em minha mente

E o poeta?
Sim!
Senão o é
Um prisioneiro dela.

Me enclausuro
E espero...
E lá vem ela
Cínica e bela.

SANGUE



Sangue
que corre,
que pulsa,
que escorre.

Tão vermelho,
vivo da vida,
que atrai,
que repulsa.

Rubro,
o rubi,
que seca,
que disseca.

A sangue frio
É o fim da vida.
Chegada da morte.
Seria a sorte?

Gangrena
Num corte
na veia
o líquido
se esvai,
se esgota.
Término da rota
E jorra...
Gota a gota
A última cai
O corpo se desbota
E a alma se vai.

sábado, 18 de outubro de 2008

NOITES FRIAS



Tão longas essas noites frias,
vêem e parecem infindáveis,
permanecem sombrias

Nesse quarto fechado,
o meu corpo estático
em tempo congelado

Passando pra alma a frieza,
contaminando o todo,
gerando tamanha tristeza

Por vezes perco a consciência,
e mergulho num abismo
tão absoluto em divergência.

O frio que trava a minha boca,
faz trincar a minha mente,
parece sempre tão oca.

Não há que se entender a loucura.
essa solidão que me envolve
é torpe essa eterna fissura.

Em mim ferve em ebulição,
gritante é meu pensamento,
somente nele está em ação

Discussão mental acalorada,
a minha essência contraditória
prossegue por fora calada

O meu espírito está trincado
sem forças, não se move
o meu corpo revoltado.

AMBIÇÃO DESENFREADA



Na busca do inalcançável
todos vamos
insatisfeitos com tudo
esse mundo
não é o bastante
Ambições
que nos movem
o outro ser torna-se
um mero objeto
que pode ser esmagado
tudo é válido
pra ser reconhecido
a ética inexiste
o importante
é o poder
ser abastado,
ser idolatrado.
Nobreza em riqueza
Alma de pura pobreza
Queira!
Seja!
Possua!
Se necessário
destrua
Chegue ao topo
Se não conseguir
Um nada será.

MÃOS



Mãos sentido
mais aguçado
elas moldam,
desenham
e olham
Fazem comer
E num toque
acariciar
num instante
te esbofetear
Mâos que
amassam,
se chegam
e apertam.
fazem chorar
num beliscar
E cócegas
pra sorrir
Mãos que falam
Áqueles que não falam
Mãos que olham
àqueles que não olham
Elas afagam,
empurram,
e matam.
Nos gestos
ofendem,
consolam
e amam.
Elas te chamam
Acenam
e te dizem adeus...

PÉS



Pelos pés
maltratados
sigo no mundo
desconhecido
os protejo e os
destrato
deixo-os
calejados
Partes de mim
que escondo.
Necessito deles
mas os trato com
descaso.
No calor sufocados,
na chuva ensopados
Invisíveis a mim
sinto quando são
pisados,
os dedos sendo
esmagados
Essenciais ao
dançar,
exigidos
com precisão
não podem falhar,
Seguem
mesmo na dor
a passos
firmes.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

AMOR?



Não sei o que é o amor.
Ser amado o que é?
Amor de homem e de mulher,
ou seja lá de que tipo é.
Jamais ouvi: Eu te amo...
palavras desconhecidas,
por muitos sentidas
e por mim não vividas
Amar ?....explicar?
Não sei dizer,
talvez jamais
saiba o que seja,
Será o destino
da maioria dos poetas?
Sofrer e não ser amado,
viver isolado.
Oh! Tristeza!
Melancólica beleza.
Envolvido em mistério.
Um abstrato desconhecido
por mim ainda não sentido,
sentimento incompreendido.
Parece chegar por um instante
e num piscar...com pesar
fica cada vez mais distante...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Anjo, demônio, humano?



Não sei quem sou,
nem anjo, nem demônio
um alienígena ou um ser humano?
talvez se olhar em meus olhos,
descobrirá quem sou...
Quiçá com a ajuda do seu olhar,
poderei saber quem realmente sou.



Nem anjo,
nem demônio,
se sou humano
não serei eu
angelical
ou infernal,
talvez
seja
o déficit
de bondade
ou superávit
de maldade.
Seria eu a loucura
em demasia?
Chegando
ao ápice
faço o bem
e pratico o mal
insanamente.
Atiço o desejo
e me retraio
em instantes.
Brado,
xingo e choro,
silencio e oro.
Do pecado
ao arrependimento,
lamentação...
peço perdão.

ANIMAS GEMINIUS II - PRÁ VC MARCÃO



Tão distante
e tão perto,
o ausente
presente
em minha mente.
Um alguém
tão diferente,
o meu oposto,
onde me espelho.
Como pode
alguém
tão igual?
Telepatia
em sintonia.
Gêmeos
em contraste,
homem e mulher
desiguais
tão parecidos,
por amor
a um time
unidos.
Um no outro
refletido,
somos um
repartido.
O belo Pierrot
solitário
em nosso
imaginário.
Em nossa poesia
alegria e
melancolia.
Confusão pura
se mistura
O meu outro eu
divino surge
serei eu ele?
ou ele sou eu?
Não sei,
mas sinto
em nossa calma
que somos
uma única alma.

HOMEM SERTÃO



Braço do sertão
que esconde
a fraqueza,
a mão na enxada
busca a força
e arruma firmeza.
Miséria exposta
na terra castigada,
corpo acabado
no sol envelhecido,
semblante entristecido,
mas o sonho
no peito é carregado.
Filhos, de um país, esquecidos
por governantes malditos.
Pais desesperados,
descendentes desnutridos,
terra rachada
por ambição tomada
a chuva tão esperada
a água desviada
podridão desenfreada
submundo de pobreza
roubada toda riqueza
vidas se perdendo
o calvário crescendo
o homem forte
não desiste
continua na luta,
acredita e insiste
tenta matar a dor,
e a fome esquecer,
pede a Deus com clamor
Forças para mais um dia
Sobreviver
em busca
do que comer.

SENSAÇÕES



Senti
o todo,
o gosto,
da fruta,
do beijo
e do amargo.
Veio o desejo
do abraço
suave,
e na carne
o calor
abrasa,
me queima.
Fim da chama
não aquece,
apaga
e adormece.
Terra fria
que gela
e arrepia
Sinto
o vento,
vem e leva,
besteira
e poeira.
Traz a chuva
que lava,
molha
o corpo
e encharca
a terra,
que fertiliza
e brota.
Se faz
em alimento,
onde
sinto
o gosto
que mantém
a vida
no corpo
já n'alma
o que habita?
e alimenta
é o amor
do que mais
necessita.
Perceber
aquilo
que não
se toca,
mas ali está
enraizado,
plantado.

domingo, 22 de junho de 2008

PIERRETE (PIERROT)



Cá estou
em lamúrias,
um coração sonhador
que sempre voa
em busca de um amor
Por que sonho?
se sei ser impossível
a um Pierrot
o amor é inalcançável.
Minha sina é devaneiar
e poetizar aquele
momento de felicidade
que por um instante
me foi dado
e logo depois se esvai,
e a tristeza adormecida
acorda...
E a Colombina
distante se vai,
vejo-a nas estrelas
é uma delas,
jamais a terei.
Vivo a desejar,
mas sim sei
o meu destino
já foi traçado,
serei sempre
um Pierrot solitário...

GRADES



Entre grades
me aprisiono.
Num mundo
de tormentos
me fecho,
não reajo.
Numa cela
em solitário
me entristeço,
me relaxo.
Na penumbra
me escondo,
me torturo.
Num pensamento
tão obscuro
me jogo,
me rasgo.
No profundo
me lanço,
me afundo,
Sinto-me
o tudo
que é o nada
no vazio
o oco que chora
e ecoa
no abismo,
onde ninguém
me ouve
nem ao menos
me vê,
impossível
me encontrar,
pois nem eu mesma
me vejo,
me cego
e me tranco.

GUEIXA



A bela do oriente
em arte
o sol que nasce
e se esconde
em seu olhar
aniquilador
só lançado
aos escolhidos,
privilegiados
pela visão
de tão bela
obra-prima
Fascínio
que desperta
pelo mistério
a mulher feita
para ser perfeita
servir e distrair
em gestos delicados
inigualáveis
olhares hipnotizados
seguem a perfeição
em movimentos
incomparáveis
na dança
onde flutua
tão linda
sua voz
ao cantar
enfeitiça,
conquista.
A jóia oriental,
imperial reluz
e aos súditos seduz.

MEU PARTICULAR

O meu particular
tão meu
escondido
universo fechado
em meio
a tantos sonhos,
tantos pecados,
e a pesadelos entrelaçados
nesse mundo infinito
por tantas vezes me perco,
viajo para distante,
ultrapassando o céu,
descobrindo o horizonte.
Compreender o meu paralelo?
Tão poucos entendem,
o porquê do meu real ser desligado
e o meu imaginário tão vivo.
Sou um ser esquisito
é tudo tão diferente,
o tempo passa, não sinto,
não existe, torna-se insignificante.
Relembro a vida, crio personagens
e me mato e me reinvento
Busco em mim e descubro quem sou,
olhando para dentro
e me perdendo em meu íntimo.
nesse meu labirinto vivo,
tão estranho e tão louco.
Me alimento e me crio.

PANDORA - A MULHER



A caixa de surpresas
O que virá de Pandora?
Uma mulher
inventada por um homem
vinda do barro,
detentora de todos os dons
beleza, adorno e conquista
Hermes, o mensageiro,
ensinou-lhe artimanhas
e lhe deu o dom da palavra
Fez-se então Pandora,
a fêmea por instinto curiosa
abre o jarro a poderosa,
e despeja no mundo a ruindade,
no qual por pouco não se vai
a esperança.
A bela que encanta
e a terra traz o tormento,
uma serpente
envolvente.
O bem e o mal
nesse único ser,
deslumbrantemente
envolvidos.
O dúbio presente
Perfeita combinação
A bela que faz e desfaz
Ela tão cheia de graça
que manda a todos desgraça.
Carrega a maldade e a bondade
Enfeitiça com sua deliciosa malícia
Inteligência com uma graciosidade perversa
O mundo ficou virado,
depois que foi por esse ser encantado.

O OLHAR

Olho outro alguém
fixamente nos olhos,
daqueles que não se escondem,
mergulho no olhar,
procuro o seu interior enxergar,
ao adentrar o olhar,
tento outro mundo desvendar.
Onde somente
aquele olhar existe
e os outros olhos ao redor
não percebo a nos olhar
somente cegar
Fico cega por não perceber aos outros,
mas não aquele
a quem estou a olhar,
não é necessário amar
para entender ao menos um pouco do outro.
Seja um adulto ou uma criança,
basta um verdadeiro olhar
Ele consola, chora, alegra, alivia
por vezes aquele a quem se olha
somente quer se sentir
um alguém visível.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Destruição “natural”

Natureza abalada
há tempos
absurdamente castigada.
Ambição desumana
que sem medida
só destroe,
leva a flor
e nos causa a dor.
Sábia natureza
se revolta
e chega em furacão,
em sua passagem arrasa
o concreto.
A bela sufocada
quebra o feio cimento.
Um cinza empoeirado
se forma
e no meio de tijolos e pedras,
vidas agora mortas.
Triste cena
de uma ambição
desenfreada.
E essa somente se apaga
ao ver a luz no sorriso
de uma criança
quando salva
Esperança resiste...

sexta-feira, 28 de março de 2008

CAMINHAR NO PENSAR

Por vezes só ao caminhar
percebo as pessoas, mas não as vejo
aqueles em meu pensamento,
junto, são mais reais
do que pessoas ao meu redor,
estranhamente, tão distantes
vou ao longe, caminhar.
Passo pelas ruas, ando, mas não as sinto
tudo tão apressado, passos largos
não mais que minhas idéias viajantes.
O tempo passa, mas não percebo,
mesmo vendo tudo corrido
não me sinto cansar,
os pés parecem flutuar.
E o intelecto vai mais a divagar,
do passado a lembrar,
no presente estar,
e com o futuro sonhar.
Nada me faz fatigar
e continuo o meu caminhar.

terça-feira, 11 de março de 2008

Ser palestrino, ser palmeirense, é ser divino!




Palmeiras, um dos meus amores e não poderia deixar de declará-lo já que está tatuado eternamente em meu coração.

PALMEIRAS, DECLARO O NOSSO AMOR

Nasceste como Palestra Itália,
devido ao ínicio da terrível batalha,
o belo nome teve de ser mudado
por obra do maldito terror deflagrado
Brilhantemente, renasce, renomeado
E lá vem o Palmeiras que cresce
Vem forte, é alviverde, é imponente
Cada vez mais enraiza, engrandece
É Palmeiras, obra divina da natureza
onde nasceu o Divino, digno da realeza
E nos pés do nosso rei alviverde,
Ademir da Guia, viu-se sim a magia
que transformou nossa casa na grande Academia
E ali estava uma corte de riqueza
Homens leais de fibra e nobreza
Muitos gênios, dribladores,
habilidade com os pés, os atacantes
os guerreiros dotados de raça e fé, os volantes
Na guarda real, o goleiro e os zagueiros
Jogadores, verdadeiros lutadores
No gramado os vencedores
Mitos que jamais saem da memória
Para sempre marcados na história
Durante esse longo período
Houve momentos de infortúnio e glória
onde a nossa magistral torcida
sempre esteve presente
e nunca se deu por vencida
amando e apoiando bravamente
Sentindo na derrota a tristeza
A esperança de vitória, certeza
Vibrando, rindo e chorando
Cantando e loucamente incentivando
E por nunca deixar de acreditar
Muitos títulos conseguimos conquistar
Graças a esse sentimento enraizado,
Em nossos corações selado
E com todo o orgulho revelado
Um amor que pode parecer doente
Que seja passional, irracional ou racional
O incoerente, totalmente consciente
A paixão que não se explica
Simplesmente se sente.
Palmeiras somos eternamente
E declaro o nosso amor,
Sem medo e com clamor
Ser palestrino,
Ser palmeirense,
É ser divino!

terça-feira, 4 de março de 2008

VIDA

No fundo do outro, o olhar
O lado de dentro, sentir
Ao coração se chegar
E na razão invadir
Com os corpos envolver
O sorriso florir
Uma vida fazer,
Unir e nascer
Pode-se saber pequeno
Mas, jamais um nada
Sim, somos vida
Divino é existir,
mesmo se num dia triste,
se a desventura persiste,
certeza há que ela se vai
e a felicidade de repente vem
e nesse momento se tem
a capacidade de compreender
O quanto é maravilhoso viver
E como numa conspiração universal,
talvez de apenas um segundo, tão vital
Paramos, pensamos e percebemos
nesse curto instante que,
ao nos olharmos...
contemplamos um milagre.

EGOÍSMO

Um pecado,
centrado
no eu.
Deseja
o todo.
Exige e
sufoca.
Sê-lo assim
egocêntrico,
todos o são
Insegurança
desenfreada
Querer tudo
prá si...
Ofuscar
aos outros
Sentimento
intrínseco,
Se torna
explícito
Irrompe e
corrompe
E assim
domina.
Enfim, afasta
e elimina
E o “eu”
se acerca
do “só”.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Confusão humana

Quão difícil é entender,
uns querem a paz,
outros almejam a guerra.
Um conflito interno,
externo que é eterno,
De mentes diferentes,
tantas vezes incoerentes
Compreender o ser
Entender o humano.
Gestos de bondade
e extrema maldade
que se fundem,
e nos confundem,
Saber o errado,
Aprender o certo?
Sociedades manipuladas,
Preconceitos formados,
Discursos inflamados,
Regras estabelecidas,
Idéias contestadas,
Revoltas armadas
por seres irracionas
e também geniais.
Seremos animais?
É sede de bebida,
Sede de poder,
É fome de comida,
Fome de viver.
Uma batalha na mente,
que permanecerá
até quando a humanidade
ainda existirá?
Será eternamente?

Adrenalina

Já vai começar
Coração rápido a pulsar
Sangue a esquentar,
Olhos a acompanhar,
a bola a deslizar.
Presos no campo,
homens no gramado,
e do outro lado,
Paixão e temor,
o louco torcedor
Mirando em uma direção
A mente em turbilhão.
O riso nervoso,
O choro raivoso,
O corpo treme,
O frio no ventre,
O suor escorre.
Não há controle,
Sentidos aguçados,
todos misturados,
Êxtase acontece,
Emoção explode,
a bola na rede
Momento esperado,
objetivo alcançado
Unicamente, o gol.

Corte profundo

A cabeça abaixa,
o corpo se encolhe.
Não existe magia,
Melancólica filosofia
Nada se encaixa
O medo se apodera
do todo, impregna,
padece e adoece
O pavor incomoda
A loucura se instala,
Se arma a batalha,
afiada navalha
e o interior se corta,
Sangra em dor,
Sangue apodrecido
Não há vida,
desfigura a alma,
se dilacera,
O escalpelo disseca
Espírito se decompõe,
A matéria se degenera
Destruição fisiológica
Mentalmente produzida
pela razão sem lógica.
Um corte
que faz da vida
uma morte.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Devaneios

Desejo floresce
em meu peito cresce
Surge de um pensamento,
talvez trazido pelo vento.
Mas não apenas um desejo
são tantos que alimento.
Se tornarão reais?
Sonhos que se achegam,
Ambições se misturam.
Devaneios possíveis,
Utopias inalcançáveis
Certo é que se não sonhássemos,
a lugar algum chegaríamos
Podemos chegar ao nada,
Mas o que isso importa
Sim, se o meu desejo maior
é o de apenas abrir a porta,
deixar a luz entrar,
o vento soprar,
e também seguir
e assim caminhar
E posso sim! Mais desejar,
seja lá o que eu queira,
que seja uma estrela,
sei a minha mão não a alcançará,
mas o meu desejo a encontrará,
e sei em meu sonho,
ela em minhas mãos
estará...

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Poetizar

Se unem
as palavras
de forma
tocante,
se atraem,
trazendo
ou paixão,
ou solidão,
ou sofreguidão.
Conteúdo diverso,
Quase tudo
em verso,
Um sonho
no papel
Traçando
um caminho,
ficcional
ou real
As palavras
se unindo,
se transformando,
nos levando
a divagar...
Ah! Um suspiro...
E como é bom chegar
Idealizar,
se inspirar,
enfim,
poetizar...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Palavra...saudade

Saudade: uma palavra
Doída?
Sim e não
É aflita,
É chorada,
É gostosa,
Saudosa e
Carinhosa
Tão sentida,
distante do corpo
e tão perto da alma
Saudade
de um beijo,
de um cheiro,
de um queijo
É do choro!
É do riso!
Ê saudade no pensamento...
Cadê o abraço?
E aquela flor?
E como é dor!?
E que da mente...não sai
E lá vem saudade...
De outrora,
De uma história,
De uma frase,
De uma palavra,
De um amor,
Simplesmente saudade.

Lia, dos cabelos negros


A pequena, pequena Lia retraída, entregue ao seu mundo de faz-de-conta, sozinha em seu quarto criando fantasias, sempre perdida em seus devaneios, mas apesar disso atenta ao mundo real, afinal de contas quem disse que criança não consegue compreender o mundinho dos adultos. A menina que em fotos, as vezes meio emburrada, com aquele ar: - Pô de novo, que saco!. Outras vezes, transmitindo simpatia, ou melhor dizendo, porque não na maioria das vezes, sim, pois, Lia, possui uma capacidade de alegrar todos ao seu redor, de uma maneira inexplicável, aquele seu sorriso tem um quê...irradia, inebria, ilumina. Imperdoavelmente só, aquela menina dos cabelos negros, capaz de conquistar a todos com seu inesquecível sorriso, através de sua timidez que intimida acaba por acabrunhar-se em mais um dia e noite de sonho só. Amanhece, todos em casa se preparam para a viagem, Lia, filha única, mal dormiu pensando na praia, local ainda desconhecido, mas já preferido daquela indiazinha, ou melhor, a moreninha, afinal odeia que a chamem de índia, fica muito brava. Ainda é cedo pra essa garotinha entender que ser chamada de índia é digno de honra, porque sê-la é guerreira, é bela, é única, é brasileira. Antes da partida, lá vem um senhor pela rua puxando um burro e um carneiro colorido e a menina e os seus pais, principalmente, logo imaginam, quem vem é o homem do retrato, que se achega conquistando-os. Então lá vai a caboclinha, montar no burro para mais uma foto de infância, toda corajosa, mas com medo de cair, mesmo assim agüentou firme, pois sempre gostou de animal de montaria, e em seus sonhos já se imaginou um cavalo selvagem e sozinho. Agora sim, após as fotos de família posada, vão todos para o carro a caminho do mar, onde a menina registra a cada cena como se fosse a mais importante de sua vida. E saindo da capital, começa a estrada, a descida da serra, as árvores nos montes encantam aquele pequeno ser (e se pergunta quem mora naquele lugar), que se deslumbra ao entrar nos túneis e sentir seus tímpanos se tamparem e seus olhinhos castanhos sem saber em qual direção se guiar, afinal é muita novidade. Ah, está chegando! Ela está sentindo o cheiro de maresia, o gosto do sal invadindo o seu paladar, definitivamente, essa mistura avassaladora, aconchegou-se em Lia, tomou-a sem pedir licença... Paixão e Amor, sim a primeira vista! Afinal aquela imensidão azul assusta e hipnotiza, violenta e acalma, com suas grandes ondas que de repente se desfazem, parecendo um encanto, mas é encanto perceber o quanto a doce menina se entrega em um momento tão único, crucial para saber o quão importante é a nossa vida. Os cabelos negros agora cobrem os seus olhos, culpa do vento que forte acaba por levar também a areia para os seus olhinhos, mas nem isso a desagrada, fica radiante com tudo até com essa irritação. Então acaba por se jogar na areia, molda-se a ela, se sente nela, parece que nasceu dali, ainda há mais para descobrir, sim o mar e lá vai correndo temerosa junto a ele, pois entendeu sem que lhe explicassem que deveria respeitá-lo, senão poderia ser engolida pelo gigante, como aquele criado em um de seus contos de faz de conta, e foi mas com cuidado e pisou na água como que pedindo licença para penetrá-lo e os seus pézinhos se deliciaram ao afundarem na areia e as ondas vinham batendo e puxando-a para frente, é aquele velho feitiço do mar nos testando, de repente virou-se para trás e correu, pulou fascinada na areia, esse êxtase da pequena enfeitiçava a todos presentes, fazendo-os talvez perceberem um pouquinho, o tal porquê da nossa existência.

1554 ou 1532? ( Vila de Piratininga )

São Paulo, cidade imponente muitas vezes impotente.
Mãe de muitos filhos obstinados e outros muitos abandonados.
Cresce por todos os lados. Como consegue arranjar espaço?
Acolhe em seu concreto ninho, pombas e pardais.
Emaranhada de fios, de postes, de luzes.
Quatrocentona tão maltratada, mas ainda admirada.
Muitos querem salvá-la outros apenas sugá-la.
Terra que foi dos barões e hoje é dos espigões.
Capital do dinheiro e mina do empreiteiro.
Obras super faturadas muitas vezes não acabadas.
Chão de asfalto, de barro e de diversos buracos.
Há também cultura e a escondida fartura.
Noite de medo, de música, de drama, de humor e de infinito.
Gigante e distante para muitos imigrantes.
Em seu cinza artificial há ainda o verde natural.
Milionária em gente, em miséria, em riqueza, em arte.
Diferenças magneticamente unidas
Estranho e maravilhoso é o seu contraste.
Melancólica, enclausurada, vive a menina.
Devaneia enlouquecida e clama por paz.
Época de outrora será que um dia retorna ?
Ainda é muito boa! Mesmo perdendo a sua garoa.
Arquiteturas diversas, com suas pessoas dispersas.
Torre de Babel incrívelmente construída.