terça-feira, 24 de junho de 2008

Anjo, demônio, humano?



Não sei quem sou,
nem anjo, nem demônio
um alienígena ou um ser humano?
talvez se olhar em meus olhos,
descobrirá quem sou...
Quiçá com a ajuda do seu olhar,
poderei saber quem realmente sou.



Nem anjo,
nem demônio,
se sou humano
não serei eu
angelical
ou infernal,
talvez
seja
o déficit
de bondade
ou superávit
de maldade.
Seria eu a loucura
em demasia?
Chegando
ao ápice
faço o bem
e pratico o mal
insanamente.
Atiço o desejo
e me retraio
em instantes.
Brado,
xingo e choro,
silencio e oro.
Do pecado
ao arrependimento,
lamentação...
peço perdão.

ANIMAS GEMINIUS II - PRÁ VC MARCÃO



Tão distante
e tão perto,
o ausente
presente
em minha mente.
Um alguém
tão diferente,
o meu oposto,
onde me espelho.
Como pode
alguém
tão igual?
Telepatia
em sintonia.
Gêmeos
em contraste,
homem e mulher
desiguais
tão parecidos,
por amor
a um time
unidos.
Um no outro
refletido,
somos um
repartido.
O belo Pierrot
solitário
em nosso
imaginário.
Em nossa poesia
alegria e
melancolia.
Confusão pura
se mistura
O meu outro eu
divino surge
serei eu ele?
ou ele sou eu?
Não sei,
mas sinto
em nossa calma
que somos
uma única alma.

HOMEM SERTÃO



Braço do sertão
que esconde
a fraqueza,
a mão na enxada
busca a força
e arruma firmeza.
Miséria exposta
na terra castigada,
corpo acabado
no sol envelhecido,
semblante entristecido,
mas o sonho
no peito é carregado.
Filhos, de um país, esquecidos
por governantes malditos.
Pais desesperados,
descendentes desnutridos,
terra rachada
por ambição tomada
a chuva tão esperada
a água desviada
podridão desenfreada
submundo de pobreza
roubada toda riqueza
vidas se perdendo
o calvário crescendo
o homem forte
não desiste
continua na luta,
acredita e insiste
tenta matar a dor,
e a fome esquecer,
pede a Deus com clamor
Forças para mais um dia
Sobreviver
em busca
do que comer.

SENSAÇÕES



Senti
o todo,
o gosto,
da fruta,
do beijo
e do amargo.
Veio o desejo
do abraço
suave,
e na carne
o calor
abrasa,
me queima.
Fim da chama
não aquece,
apaga
e adormece.
Terra fria
que gela
e arrepia
Sinto
o vento,
vem e leva,
besteira
e poeira.
Traz a chuva
que lava,
molha
o corpo
e encharca
a terra,
que fertiliza
e brota.
Se faz
em alimento,
onde
sinto
o gosto
que mantém
a vida
no corpo
já n'alma
o que habita?
e alimenta
é o amor
do que mais
necessita.
Perceber
aquilo
que não
se toca,
mas ali está
enraizado,
plantado.

domingo, 22 de junho de 2008

PIERRETE (PIERROT)



Cá estou
em lamúrias,
um coração sonhador
que sempre voa
em busca de um amor
Por que sonho?
se sei ser impossível
a um Pierrot
o amor é inalcançável.
Minha sina é devaneiar
e poetizar aquele
momento de felicidade
que por um instante
me foi dado
e logo depois se esvai,
e a tristeza adormecida
acorda...
E a Colombina
distante se vai,
vejo-a nas estrelas
é uma delas,
jamais a terei.
Vivo a desejar,
mas sim sei
o meu destino
já foi traçado,
serei sempre
um Pierrot solitário...

GRADES



Entre grades
me aprisiono.
Num mundo
de tormentos
me fecho,
não reajo.
Numa cela
em solitário
me entristeço,
me relaxo.
Na penumbra
me escondo,
me torturo.
Num pensamento
tão obscuro
me jogo,
me rasgo.
No profundo
me lanço,
me afundo,
Sinto-me
o tudo
que é o nada
no vazio
o oco que chora
e ecoa
no abismo,
onde ninguém
me ouve
nem ao menos
me vê,
impossível
me encontrar,
pois nem eu mesma
me vejo,
me cego
e me tranco.

GUEIXA



A bela do oriente
em arte
o sol que nasce
e se esconde
em seu olhar
aniquilador
só lançado
aos escolhidos,
privilegiados
pela visão
de tão bela
obra-prima
Fascínio
que desperta
pelo mistério
a mulher feita
para ser perfeita
servir e distrair
em gestos delicados
inigualáveis
olhares hipnotizados
seguem a perfeição
em movimentos
incomparáveis
na dança
onde flutua
tão linda
sua voz
ao cantar
enfeitiça,
conquista.
A jóia oriental,
imperial reluz
e aos súditos seduz.

MEU PARTICULAR

O meu particular
tão meu
escondido
universo fechado
em meio
a tantos sonhos,
tantos pecados,
e a pesadelos entrelaçados
nesse mundo infinito
por tantas vezes me perco,
viajo para distante,
ultrapassando o céu,
descobrindo o horizonte.
Compreender o meu paralelo?
Tão poucos entendem,
o porquê do meu real ser desligado
e o meu imaginário tão vivo.
Sou um ser esquisito
é tudo tão diferente,
o tempo passa, não sinto,
não existe, torna-se insignificante.
Relembro a vida, crio personagens
e me mato e me reinvento
Busco em mim e descubro quem sou,
olhando para dentro
e me perdendo em meu íntimo.
nesse meu labirinto vivo,
tão estranho e tão louco.
Me alimento e me crio.

PANDORA - A MULHER



A caixa de surpresas
O que virá de Pandora?
Uma mulher
inventada por um homem
vinda do barro,
detentora de todos os dons
beleza, adorno e conquista
Hermes, o mensageiro,
ensinou-lhe artimanhas
e lhe deu o dom da palavra
Fez-se então Pandora,
a fêmea por instinto curiosa
abre o jarro a poderosa,
e despeja no mundo a ruindade,
no qual por pouco não se vai
a esperança.
A bela que encanta
e a terra traz o tormento,
uma serpente
envolvente.
O bem e o mal
nesse único ser,
deslumbrantemente
envolvidos.
O dúbio presente
Perfeita combinação
A bela que faz e desfaz
Ela tão cheia de graça
que manda a todos desgraça.
Carrega a maldade e a bondade
Enfeitiça com sua deliciosa malícia
Inteligência com uma graciosidade perversa
O mundo ficou virado,
depois que foi por esse ser encantado.

O OLHAR

Olho outro alguém
fixamente nos olhos,
daqueles que não se escondem,
mergulho no olhar,
procuro o seu interior enxergar,
ao adentrar o olhar,
tento outro mundo desvendar.
Onde somente
aquele olhar existe
e os outros olhos ao redor
não percebo a nos olhar
somente cegar
Fico cega por não perceber aos outros,
mas não aquele
a quem estou a olhar,
não é necessário amar
para entender ao menos um pouco do outro.
Seja um adulto ou uma criança,
basta um verdadeiro olhar
Ele consola, chora, alegra, alivia
por vezes aquele a quem se olha
somente quer se sentir
um alguém visível.