sexta-feira, 6 de abril de 2012

O TARJA PRETA

Cuidado! Ele aparentemente é um simples analgésico que poderá eliminar a sua dor, dar aquela relaxada muscular, mas é um tarja preta.
Ele chega de mansinho, misterioso de início, mas irá se revelar cedo ou tarde. Caso você seja uma boa ouvinte, prepare-se, pois se tornará a psicóloga dele. Em doses suaves ou cavalares ele lhe contará toda a sua vida, seja a verdadeira ou a fantasiosa (aquela em que ele acredita), ou ele será aquele ser misterioso sem tempo para muita coisa e esconde algo cabuloso.
O tarja é o puro drama, faz as mulheres se encantarem e quererem cuidar dele. Após a fase analgésico e anti-inflamatório vem o antibiótico. A partir daí temos o princípio da nossa dor em evolução, a bactéria dele invade o coração e nos infecciona, e então tentamos bravamente eliminar essa dor infecciosa seguida de taquicardia, calafrio e insegurança.
O enredo é tão forte que a infecção assola tudo, tentamos diversos medicamentos, mas não há efeito algum. Não temos reação alguma a ação dos outros "remédios", graças a nefasta infestação.
A doença do tarja preta nos domina atingindo a fase alucinações, passamos a ter crises existenciais onde achamos que temos que trazer a cura a qualquer custo para o tarja e para isso somos capazes de qualquer coisa, devido ao altíssimo nível de piração que atingimos.
O grau de loucura não nos deixa ouvir conselhos de ninguém, afinal somos as especialistas, as psicólogas, as psicanalistas e as psiquiatras que tornarão a vida do "ser bizarro" mais saudável...ledo engano darling.
No momento em que tentamos nos libertar deles, vem algo que nos faz sentir pena ou culpa e permanecemos no martírio até chegarmos ao fundo do poço. Começamos a ter delírios, melancolia chegando até a uma depressão (* chegando a esse nível procure um psiquiatra urgentemente). Ao persistirmos nessa medicação tóxica as coisas cada vez mais pioram, pois deixamos de fazer tudo aquilo que nos faz bem, deixamos os nossos amigos de lado (por vergonha e por sabermos que eles irão reprovar as nossas atitudes), sem academia, sem cinema, sem festa, sem teatro, sem dança, sem leitura, em resumo sem vida nos tornamos zumbis. E o que nos interessa? Somente ELE! O bem estar dele, pois temos que estar a disposição para tudo o que ele quiser e precisar, afinal também somos enfermeiras e excelentes massagistas de ego. Sempre prontas para dar aquele UP ao indivíduo.
Essa relação doentia só tem um fim, caso não termine já que o fim, possivelmente, será o trágico, mas não para ele e sim para nós. Temos que ter muita força para nos livrarmos desse mal viciante, essa maldita droga, se não o fizermos é só aguardar o belo dia em que o tarja lhe dará o pé no traseiro, pois arranjou uma outra para contaminar com eficácia plena.
E temos mais uma vítima do tarja preta.

2 comentários:

Thiagorocha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Thiagorocha disse...

Nossa Ana, dessa vez você fez um texto arrepiante com ares de "sombrios" mas que não deixa de ser real. E é triste quando o amo chega nessa proporção. Na verdade não se torna amor, e sim doença. A pessoa vive a vida de outro, o que pode provocar uma tragedia. E é ai que dizem que o amor é cego!( como diz a musica Love Is Blind - David Coverdale). E hoje a gente pode dizer que num mundo onde equilíbrio é item de luxo, os relacionamentos devem ser reavaliados! E que Deus nos proteja dessa tarja preta, porque se é pra fazer loucura, que façamos por nós mesmo e não pelos outros!