terça-feira, 4 de junho de 2013

MÉDICO: AGONIA NA SALA DE ESPERA

Quem nunca ficou tenso na sala de espera do consultório médico? Sinto como se estivesse embarcando numa viagem sem destino, pois não sei o que vai acontecer lá dentro, até uma injeção torna-se mais suave do que ficar no aguardo do diagnóstico. 
Aquele retorno ao médico quando você vai levar o resultado dos exames solicitados, e como sou dessas que caem na pilha facilmente, prefiro não abrir os exames, pois vai que leio algo que me pareça assustador e não o é, então prefiro aguardar e deixar que o médico veja e me detalhe.
E lá vou eu aguardar os minutos que parecem horas infindáveis, e o pior é estar numa sala silenciosa, pois geralmente as pessoas não estão no local para fazer amizades e sorrir, assim que adentramos no ambiente já sentimos a apreensão, o medo que paira no ar e no semblante das vítimas, ops! Quero dizer pacientes hahahaha aliás essa palavra "paciente" também faz todo o sentido, porque haja paciência para esperar e esperar.
E enquanto isso, vou e volta ao paraíso, a terra, ao inferno por trocentas vezes, segurando aqueles envelopes lacrados como se fossem a caixa de Pandora que poderá me fazer sorrir ou chorar. E então, começo a vislumbrar como receberei a informação de que estou com poucos meses de vida, vejo-me chorando, saindo do consultório perdida e fazendo planos de como desfrutar os meus últimos dias na Terra hahahaha eu sempre me imagino fazendo viagens e conhecendo tudo aquilo que for possível antes da minha partida definitiva, enfim dou a louca sem me preocupar com nada. Depois de me ver em estado terminal, volto e me vejo recebendo a notícia de que tenho algo tratável e que ficarei bem, em outra cena o médico me diz que estou muito bem de saúde, e assim faço outros tipos de planos, tipo fazendo crediários e consumindo hahahaha mas volto novamente para o meu estado terminal e começo a lembrar de todos os meus pecados, daquilo que eu fiz e deixei de fazer, de como eu poderia ser uma pessoa melhor, e isso é muito doido! Ai se o meu cérebro pifa nessa hora porque haja espaço para imaginação. 
Depois desses delírios sobre doença terminal e boa saúde, finalmente sou chamada e entro no consultório, e lá vou eu para mais alguns momentos de agonia, onde entrego os envelopes com os resultados dos exames e o doutor vai abrindo com cuidado, e eu sem saber para onde olhar, e quando ele está com os resultados visíveis, tento esticar os meus olhos para ler o que está ali, mas logicamente que além de não conseguir enxergar, também não consigo entender aquela linguagem médica. E assim aguardo segundos eternos, enquanto o médico lê o diagnóstico em silêncio e faz anotações...e eu pensando: o que ele está anotando?!?! Socorro!!!
E finalmente, ele começa a detalhar os resultados dos exames, e fico sabendo que em um deu um problema, mas que não é nada grave, algo comum que dá para conviver, daí mentalmente digo que "sabia que tinha algo", e tensão e a taquicardia diminuem, pois o médico fala de modo calmo bem tranquilizador, afinal acabou com o meu diagnóstico de doença incurável e terminal com poucos meses de vida. Sim, eu sei que posso morrer a qualquer momento, mas ao se imaginar sabendo que você tem um tempo contado é outra história.
Saio do local num alívio pleno, pisando nas nuvens e tendo a certeza que ainda aprontarei algumas por aí, seguirei acertando e de vez em quando errando, mas de um certo modo é bom sentirmos esse medo de perder a vida para termos a noção do quanto somos vulneráveis e de que não somos imortais.

Nenhum comentário: